OBJETIVO: relatar as actividades que fomos desenvolvendo ao longo do ano, destacando aspectos técnicos e de segurança com algumas ilustrações, de forma a adquirir qualificações que se enquadram com o objectivo da disciplina.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Picos da Europa, Um Local a Visitar!

No inicio do passado mês de Dezembro do ano de 2010, realizamos juntamente com 4 elementos da nossa turma e um professor, uma expedição aos Picos da Europa na região das Astúrias (Espanha), com o objectivo de alcançar o cume de Torre de Cerredo, o ponto mais alto dos Picos da Europa, e de pôr em prática aquilo que tínhamos aprendido nas aulas teóricas sobre montanhismo.
As condições climatéricas adivinhavam-se adversas, mas mesmo assim o grupo manteve-se firme em cumprir o programa, e assim, partimos de vila real na terça-feira dia 30 de Novembro ao final do dia com destino a Poncebos, onde chagamos cerca de 6 horas depois.

Após uma pernoitada de apenas algumas horas teve inicio a aventura! Como se previa o tempo não estava muito apelativo, no entanto, seguimos até ao Funicular de Bulnes, que se trata de uma ligação através de um túnel entre Poncebos e a Parte inferior da povoação de Bulnes, sendo que esta é a única povoação das Astúrias que não tem acesso de automóvel, e por isso foi criada esta ligação que é feita através de uma espécie de eléctrico que atravessa o referido túnel. Lá, recolhemos informações junto dos guardas de montanha sobre as possibilidades de realizarmos a nossa actividade, os quais nos desencorajaram a fazê-lo. De qualquer forma, e depois de nos equiparmos a rigor decidimos arrancar de mochilas às costas para fazer pelo menos o caminho até Bulnes passando pela garganta do rio Cares, e lá pernoitar aguardando por melhoria das condições climatéricas. 


Povoação de Bulnes

Pernoitamos então num albergue de montanha, e no dia seguinte entendemos que existiam condições para continuarmos em direcção ao canal de amuesa na tentativa de chegarmos ao refúgio de Cabrones. No inicio do canal deparamo-nos com a sua imponência devido à forte inclinação, e também com o maior aparecimento de neve, pelo que decidimos então colocar os crampons, que são uns pitons que se colocam na parte inferior das botas para melhorar a tração no caminhar, iniciamos então umas das técnicas de progressão em montanha que é a cramponagem. No entanto, esta é uma técnica utilizada em gelo, e como a neve estava bastante solta, dificultou a nossa subida e levou a que tivéssemos cuidados redobrados devido ao risco de queda. 


Início do canal de amuesa


Vista do topo do canal de amuesa

Chegamos ao final da subida já um pouco tarde, o que nos impossibilitou de chagarmos ao refúgio de Cabrones, pelo que tivemos de montar acampamento e pernoitar um pouco mais acima. Após uma massa esparguete, sopa e café, o que é um “luxo” para quem se encontra em condições tão inóspitas, dividimo-nos pelas duas tendas para pernoitarmos. Estavam cerca de -5ºC! No dia seguinte era tempo de realizar a descida pois era impossível continuar a subir com aquelas condições de neve. Levantamo-nos com as tendas meadas de neve, e após algum trabalho, conseguimos descrava-las do chão e arrumar tudo para descermos.


 Uma das tendas na manha após o nevão

A descida foi rápida mas também perigosa, devido ao elevado risco de queda, e em cerca de 3h horas já nos encontrávamos em Poncebos, onde tínhamos os carros e alguns mantimentos. Rapidamente decidimos que a melhor opção era ficarmos no Parque de Campismo dos Picos da Europa. Ficamos então num apartamento do parque, onde aproveitamos para tomar um banho de água quente, e fazer uma refeição mais equilibrada. No último dia aproveitamos para fazer um treck de baixa altitude, e apreciar as fantásticas paisagens que aquelas serras nos proporcionam, fizemos também um pequeno passeio pela bonita vila de Cangas de Onis, aproveitando para comprar lembranças e alguma comida. Pernoitamos então pela última vez, novamente no parque de campismo, e na manhã seguinte despedimo-nos daquele fantástico local com destino a Vila Real.


Apartamento do parque de campismo dos Picos da Europa


Dizer que foi uma experiência fantástica, e que recomendamos a prática deste tipo de actividade nomeadamente nos Picos da Europa, pois, as paisagens são lindíssimas e relaxantes, longe da confusão da cidade apenas com as mochilas às costas e um grupo de amigos.

Apreciação Socioeconómica

Nesta nossa viagem podemos perceber que os nossos vizinhos espanhóis estão bastante mais sensibilizados para a prática deste tipo de actividades do que nós, no sentido em que criam as condições necessárias para que qualquer pessoa possa lá chegar e desfrutar do local. Nota-se uma consciencialização para desenvolvimento que o turismo pode trazer a uma região. Muito provavelmente povoações como a de Bulnes não existiriam caso não fossem as centenas de turistas que lá passam, mais na altura da primavera e verão, assim como a própria rentabilização que eles dão ao funicular (muito utilizado pelos turistas), permitindo até que os habitantes de Bulnes não paguem a sua utilização. Descendo um pouco mais, e prestando um pouco de atenção percebemos que Cangas de Onis subsiste maioritariamente através do turismo, e que com uma forte potencialização e divulgação das riquezas da região se criou um local lindíssimo, criando emprego e desenvolvimento para a vila.

É de louvar a percepção que eles têm das potencialidades da sua região, dando oportunidade a qualquer pessoa de lá chegar e desfrutar do local, da sua gastronomia, artesanato, “bebendo” um pouco da cultura local, podendo ainda praticar uma série de actividades, neste caso as mais frequentes são percursos pedestres que se encontram bem assinalados havendo escolha para, desde os mais recatados aos mais aventureiros. De referir que mesmo com aquelas condições meteorológicas podemos observar famílias inteiras a irem visitar povoação de Bulnes.

Embora só tivéssemos utilizado um albergue, em Bulnes, pelas informações que temos e através de pesquisas na internet, os abrigos de montanha estão muito bem conseguidos, e proporcionam aos montanhistas uma estadia com bastante qualidade, tendo o em conta o local onde se encontram.




Cangas de Onis 


Fazendo agora uma analogia com o nosso país, podemos concluir, que era importante que os nossos governantes, autarcas e população em geral olhassem para estes bons exemplos e percebessem que não só o Algarve e as praias atraem os turistas (não descurando a importância destes locais), e quando se fala numa crescente desertificação do interior, esta pode muito bem ser uma forma de desenvolver estas regiões criando condições e actividades para que as pessoas possam conhecer a beleza do nosso país, assegurando desta forma a continuidade da qualidade de vida nestes locais!

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